Horta à beira-mar – O abrigo cénico

Este é um roteiro que permite usufruir da paisagem marítima oferecida pela linha costeira da cidade. Este percurso vai atravessar os pontos mais interessantes da vida marítima da Horta, assim como a paisagem protegida do Parque Natural do Faial.

A topografia natural desta parte da ilha confere uma serena sensação de resguardo, de que a cidade se vem apropriar. A Horta faz-se ladear pelos montes da Guia e Espalamaca, formando aquela que é uma das baías mais protegidas do arquipélago e uma das mais belas do mundo. Estes dois montes oferecem-se como miradouros naturais, possibilitando a observação panorâmica do casario, da baía e do mar de duas posições opostas.

A espetacular vista da Horta é fundamentalmente marcada pela imponente montanha do Pico, e ainda, atrás desta, pela ilha de São Jorge.

A Horta tem sido, ao longo da sua existência, um ponto vital na navegação transatlântica, sendo hoje considerada um ponto de referência no iatismo internacional, que tem como palco a famosa marina pintada.

1. Doca

O desembarque de pessoas e mercadorias na Horta realizava-se em frente à vila, no areal que se estendia até ao Castelo de Santa Cruz. Em 1825 foi ali construído um pequeno cais, tendo ficado danificado pelo embate de um navio no ano seguinte, e acabando por ser totalmente destruído por um temporal em 1849.

No longo do século XIX reclamou-se a construção de um porto artificial na baía da Horta, dada a importância da Horta como entreposto comercial, sobretudo do vinho do Pico e da laranja, mas também como ponto de reabastecimento das navios a vapor e das baleeiras americanas.

A construção da doca teve, então, início em 1876 e ficou concluída apenas na primeira década de 1900.

2. Paisagem protegida do Monte da Guia e baía de Porto Pim

A sul da Horta, abraçada a esta por um istmo, encontra-se a paisagem protegida do Monte da Guia.

O Monte da Guia (145 metros) é formado por várias camadas de tufo, e é um exemplo de um cone de um antigo vulcão, correspondendo a cratera parcialmente inundada pelo mar às Caldeirinhas. Aqui crescem algumas plantas endémicas dos Açores, como a urze (Erica azorica), a faia-da-terra (Myrica faya) ou cedro-da-ilha (Juniperus brevifolia), e podem ser observadas aves como o garajau-comum ou a gaivota-argêntea. A sua denominação deve-se a Nossa Senhora da Guia, padroeira dos pescadores, estando localizada no seu cimo uma ermida a sua devoção (edificação de 1943, pois a original, do século XVII, foi destruída em 1941). O Monte da Guia oferece uma excelente vista sobre as suas Caldeirinhas, a fantástica baía de Porto Pim, a cidade, a ilha do Pico, de São Jorge e o horizonte.

O Monte Queimado (89 metros), é, por sua vez, enquadrado por duas baías: a este a baía de Entre-os-Montes, zona protegida ideal para a prática de snorkeling, e, a oeste, a praia de Porto Pim, uma das maiores praias de areal da ilha e excelente estância balnear.

Nesta área é possível observar diversos locais de interesse, constituindo um nos núcleos mais antigos da cidade: na encosta norte, subsiste uma antiga bateria militar; voltada para a baía de Porto Pim está localizada a antiga Fábrica da Baleia e a memória da antiga casa de veraneio e adega dos Dabney, destinando-se, respetivamente, a sede do Parque Natural da Ilha do Faial e a Núcleo Museológico de Tributo à Família Dabney; na zona que liga os dois montes encontram-se as casas que amarraram o segundo grupo de cabos submarinos, entre 1923 e 1928 e, por fim, contornando a baía a norte está o conjunto militar defensivo de Porto Pim, que marca a época dos ataques dos piratas e corsários, datado do século XVII.

3. Clube Naval da Horta

O Clube Naval da Horta tem inauguração oficial em 1947, sendo hoje a instituição com maior expressão no desenvolvimento de atividades náuticas da localidade. Aqui é possível realizar vela e remo, tanto no âmbito da vela ligeira como em botes baleeiros, canoagem, pesca desportiva, entre outras atividades aquáticas.

Além da atividade desportiva e do papel influente no apoio ao iatismo, tem ainda lugar preponderante na organização de regatas a nível internacional, contribuindo para a projecção mundial da cidade, situando-a na rota dos maiores eventos náuticos internacionais.

4. Marina

Desde o início do século XIX que a cidade é frequentada por iates, tornando-se um ponto de paragem obrigatório para as embarcações que atravessam o Atlântico norte. Esta tradição é assim consagrada, em 1986, com a elaboração da hoje famosa marina pintada. Localizada no interior do porto da Horta, acolhe anualmente centenas de iates e veleiros que cruzam as águas deste oceano. Neste local, é tradição os iatistas deixarem uma pintura sobre o cimento do pavimento e dos paredões, o que tornou este lugar numa fascinante galeria colorida ao ar livre que remete ao mundo inteiro. Estas pinturas (ou até mesmo colagens de objetos e peças de roupa) são recordações da sua passagem ou talismãs de boa sorte para a continuação da viagem.

5. Avenida

Consiste no paredão que contorna o limite da cidade entre a terra e o oceano, onde antes era um largo areal.

Em 1876 é construído um molhe para proteção do casario da Rua do Mar contra o mar bravo dos temporais que constantemente assolavam a zona. Entretanto, é edificada a própria avenida em calçada de calcário e basalto, sendo aberta ao tráfego automóvel em 1964. Constitui actualmente uma das principais artérias da cidade.

Das homenagens aqui prestadas destaca-se o busto do poeta faialense Osório Goulart e, a sul, o memorial dedicado aos faialenses falecidos durante a Guerra Colonial.

Todos os anos é aqui realizada a Semana do Mar, festival náutico que ocorre na primeira semana completa do mês de agosto.

6. Monumento a Nossa Senhora da Conceição

Este monumento está situado na parte mais alta do Monte da Espalamaca, tem uma altura de aproxidamente 28 metros e apresenta uma estátua em mármore a Nossa Senhora da Conceição, que denomina a freguesia.

A Espalamaca é um miradouro natural que permite usufruir de uma extraordinária vista panorâmica: a sul, a cidade da Horta, com o Monte da Guia e o Monte Queimado ao fundo; a oeste encontram-se o Monte Carneiro e o Cabeço Gordo (onde se localiza a Caldeira); e do outro lado, a norte, vê-se a fantástica praia do Almoxarife. É ainda um excelente local para vislumbrar as ilhas do Pico e São Jorge, e, com bom tempo, é também possível ver a silhueta da Graciosa.

Voltado para a cidade, está o monumento erguido a Nossa Senhora da Conceição, que denomina a freguesia. É da mão do arquiteto açoriano Eduardo Read Teixeira e é datado do início da década de 60 do século XX. No entanto, é concluído apenas em 1973, depois de ser destruído por um temporal em 1969.

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